A metáfora das metáforas

Vocês já devem ter percebido que eu gosto de histórias, né? hehehe

E uma forma muito antiga e muito utilizada para se contar histórias são as famosas metáforas.

Elas sempre serviram como objetos intermediários das verdades transmitidas pelos grandes mestres.

Os ensinamentos de Jesus contados através de parábolas.

O humor das histórias de Mulá Nasrudin que trazem muito da doutrina Sufi.

As histórias da tradição africana contada através dos griôs.

Os poemas e contos da sabedoria indiana.

Enfim, todas as raças e tradições têm muitas histórias contadas através dos seus mestres.

E essas histórias, muitas vezes, falam da gente sem falar diretamente da gente.

Um exemplo moderno são os filmes e séries que assistimos.​​

Por que vocês acham que a série Game of Thrones fez sucesso no mundo inteiro?

Porque foi retratado ali muitas das nossas sombras, tudo aquilo que nós temos em forma de metáforas.

O cenário era uma terra distante com reis e dragões.

Com personagens que não sabíamos se eram bandidos ou mocinhos.

E ainda assim, conseguíamos nos identificar e torcer por eles.

Isso é uma coisa que a metáfora torna possível:

Identificação com crianças, adultos, letrados, iletrados… através desses símbolos.

Por isso que eu gosto muito de histórias: elas são sempre carregadas de ensinamentos.

E eu gosto também de criar algumas.

Mas hoje eu quero contar uma história que não fui eu que criei.

Que é a metáfora das metáforas:

“A verdade, como tal, andava nua e crua.

Um dia, ela precisou falar com o rei.

Então, se dirigiu ao castelo como era.

Chegou lá toda autoritária e, obviamente, foi barrada no portão.

A verdade concluiu que não daria para entrar nua e crua.

Como era a verdade carregava consigo o gabarito de tudo, né?

Ela sabia que aquilo que ia falar era absolutamente importante, pois era a verdade.

Então, decidiu se vestir de guerreira e foi.

Quando chegou no portão do castelo, novamente os guardas a impediram de prosseguir no seu intento.

Logo percebeu que também não entraria vestida de guerreira.

Aí por fim, a verdade decidiu se travestir de metáfora, toda bonita e enfeitada.

Ao chegar no portão dizendo que precisava conversar com o rei, imediatamente permitiram sua entrada.

Então, ela contou uma história ao rei.

Ela disse tudo que tinha para dizer ao rei vestida de metáfora.

Ou seja, a verdade precisou usar a metáfora para chegar ao rei.

E essa é a história da metáfora das metáforas.”

Essa história mostra que, às vezes, a verdade precisa ser entregue de forma atenuada.

Ninguém tem dúvida que a verdade é uma joia.

Mas se você pega uma joia, coloca no estilingue e joga na cabeça da pessoa que você mais ama, você vai feri-la.

Agora se você pegar essa pedra preciosa que é a verdade, embalar numa caixinha de cetim com laço de seda e oferecer pra pessoa, ela vai recebê-la como uma joia.

Então, a metáfora traveste e amacia a verdade.

Ela serve como um objeto intermediário da verdade.

E introduz assim, sem resistência, a semente da verdade dentro de cada um.

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