Eu vou falar sobre uma coisa que eu encontro muito no meu dia a dia como psiquiatra.
Primeiro, a gente tem que entender que a doença ou desconforto mental seja qual for em qualquer grau e intensidade é fruto de um processo.
Um processo que foi sendo construído ao longo dos anos – exceto por um problema orgânico ou agudo – a doença é uma construção.
A ansiedade, a depressão e outras doenças são construídas ao longo do tempo por conta das experiências, das marcas, do sofrimento, de como elaborou, de como não elaborou, enfim.
O resultado do trabalho mental de cada um apresenta com o tempo uma saúde mental ou uma doença mental.
Então, é um processo, mas a pessoa vem até nós com o seu sofrimento.
Ela chega pedindo socorro, pelo amor de Deus, cobrando, exigindo e cheia de expectativa.
Às vezes, não exige, mas tem a expectativa e a fantasia de que um remédio vai tirar e curar tudo isso.
Não vai dar compadre, não vai dar comadre.
Isso é um processo de anos para construir aquilo e não é de uma hora para outra que vai se resolver.
O remédio vai criar um status no hardware, no seu cérebro, para bioquimicamente dar um suporte com alguns neuro-hormônios para você realmente começar a se sentir melhor.
Mas a causa que criou tudo isso ainda está lá.
Então, o que que eu quero dizer é o seguinte:
Nós somos responsáveis pela nossa saúde.
Nós somos responsáveis pela nossa doença.
Nós somos responsáveis pela nossa cura.
Então, o primeiro passo é nós nos apropriarmos ou tomarmos consciência de que é nossa responsabilidade a doença que estamos ou a situação mental que nós estamos passando.
Estou falando mental, porque não quero extrapolar para as outras doenças, vou só ficar na minha área aqui, mas é isso!
O primeiro passo é se apropriar do fato: eu sou o responsável!
Cabe a mim desmontar e ter um trabalho que não tem como não fazer, porque isso só vai piorando.
Todos nós, tô falando para mim também, temos que resolver tudo aquilo que nos apresenta.
Porque é nosso!
E se não resolvermos o bichinho cresce.
Se a gente não matar a lagartixa, ela vai virar um lagarto, que vai virar um jacaré e que vai virar um dinossauro.
E quando a gente vê tá sendo engolido por esse dinossauro que nós mesmos criamos.